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quinta-feira, 31 de março de 2016

Vai e vem...


Vem e vai em ondas, ora mais fortes e bravas e indomáveis, ora mais serenas, espaçadas e num embalo doce. Como o mar em que me tornei, ora revolto ora tranquilo, como o mar que tem o teu cheiro e o teu sabor, como o mar onde nos voltamos a encontrar quando a saudade aperta e a distância se perde, para além daquilo que os olhos conseguem alcançar, como o mar em que a minha voz te sussurra baixinho um 'até já '.
E o tempo passa, e nós passamos pelo tempo, e o que me és não passa! Vem e vai em ondas...

terça-feira, 29 de março de 2016

Fala-me da saudade...


A saudade tem um grito que só tu consegues ouvir.
A saudade tem voz e chama por ti!
A saudade tem cheiro e flutua no vento.
A saudade tem a forma do teu abraço.
A saudade tem o teu nome escrito na pele.
A saudade tem o eco da tua gargalhada.
A saudade tem alma quando o corpo se ausenta.
A saudade é muda e esconde-se no silêncio.
A saudade é tatuagem que lembra quem somos.
A saudade mata e devolve-me à vida.
A saudade viaja comigo no tempo.
A saudade sonha quando o dia me acorda.
A saudade és tu, a saudade sou eu…
…a saudade é a certeza de um tempo em que fomos nós!



quarta-feira, 16 de março de 2016

O puzzle inacabado...


Foi exatamente neste dia: 16 de Março de 2012.
Eu era o protótipo da mulher realizada. Exemplo de superação de obstáculos, de determinação, de coragem. Tinha-me feito mulher, de profissão estável, tinha a casa que imaginara ao pormenor, viajava 2 vezes por ano (ás vezes mais), tinha o cão, o jardim, o príncipe encantado, a relação perfeita, o amor invejado. Tinha amigos, tinha dinheiro, tinha saúde, tinha amor. Tinha tudo aquilo que define, para a maioria, a felicidade!
Ele, o maior presente que a vida já me tinha dado, naquele dia, olhou-me nos olhos e perguntou: 'B. és feliz?' E foi como se uma bala me atingisse o coração. Senti-me morrer. Morri ali, em frente ao homem com quem tinha partilhado amor, amizade, projetos e mais de 1/3 da minha vida... Morri ali, ao perceber que há muito tempo já tinha morrido!
E esse foi o dia que marca o antes e o depois, esse foi o dia em que deixei para trás não apenas 12 anos mas, toda uma vida.
Fui...sem saber como nem para onde, fui em busca nem sabia bem do quê. Tive de me desconstruir. É como se o meu puzzle, de que é feita a vida, tivesse sido vandalizado.
Olhas e vês milhares de peças, olhas e pensas que não tens mais 34 anos para voltar a montar aquele puzzle! Olhas e tens ali o maior desafio que enfrestaste até aquele dia, reconstruir o puzzle da tua vida. Se deu medo? Um medo aterrador, um medo gigante...mas as peças estão ali, toda a tua vida a precisar de ganhar forma novamente, por isso não há tempo para ter medo. Tens de arregaçar as mangas, tens de procurar a 1a peça e começar, ou recomeçar, a construir a tua vida!
E é fantástico como este 'jogo' pode ter tanto de fácil como difícil, de rápido e de lento, de ordem e confusão, de certeza ou dúvida, de lógica e de loucura... Há alturas em que todas as peças encaixam a uma velocidade alucinante, em que o desenho está a construir-se com a maior clareza diante dos teus olhos, para logo de seguida passares dias á procura da próxima peça, a olhar inerte para o enigma, com dúvidas se algum dia o vais conseguir terminar!
De início, pedes aos amigos para te ajudarem. Quanto mais mãos melhor! Passam horas e horas entretidos, em volta de todas aquelas peças. Riem, bebem, falam, vão, voltam… constrói-se um pouco do puzzle mas, a determinada altura, tudo é motivo de distração e o puzzle fica em 2º plano. Afinal, há tanta coisa para fazer entre amigos, para quê perderes o teu tempo e o deles a ‘construir um puzzle’?
Depois, achas que a solução passa por construí-lo a 4 mãos. Um jogo a dois. Momentos de partilha, momentos em que te entregas e recebes o outro no jogo da tua vida. Mas, rapidamente percebes que hoje, há jogos mais interessantes, que se perdeu o interesse em jogos de lógica e paciência, que não se tem tempo para quebra-cabeças quando as cabeças e os corações já foram quebrados!
Voltas a olhar para as peças…em silêncio, tu contigo e sem ruídos á volta. Percebes o quanto já conseguiste, quanto do teu puzzle já reconstruíste. Orgulho. Um imenso orgulho é o que sentes por ti, pela imagem ainda inacabada que o puzzle te mostra. Respiras fundo. Ainda existem um monte de peças espalhadas, ainda existe um imenso trabalho pela frente. Sorris. Tens tempo…todo o tempo do mundo para te reconstruíres e conseguires de novo ter a imagem completa. Afinal, já morreste um dia e voltaste a nascer. Afinal, o importante não é concluir rapidamente o puzzle mas sim, desfrutar do jogo que a vida te oferece!
B.

terça-feira, 8 de março de 2016

A ti Mulher...


Dedicam-te um dia...como se coubesse num dia tudo aquilo que és, como se um dia abarcasse toda a grandeza que carregas!
Dedicam-te um dia...um dia, em troca de todos os dias que dás de ti. E dás-te, desde que ao nascer te definiram num género. E definem-te antes mesmo que tenhas tempo de te mostrar ao mundo. Definem-te no que é suposto. É suposto seres o sexo frágil. É suposto não seres Alpha numa matilha pela qual dás a vida. É suposto andares depilada. É suposto saberes cozinhar. É suposto teres o chão a brilhar e passares a ferro sem vincos. É suposto não te deixares engordar e frequentares o ginásio da moda. É suposto seguires a moda! É suposto gostares de maquilhagem e não deixares que o cabelo branqueie. É suposto receberes o teu sangue a cada mês como uma dádiva. É suposto casares e ter uma família. É suposto seres uma profissional de mão cheia. É suposto que cuides e tenhas instinto maternal. É suposto seres uma 'senhora'. É suposto que sejas uma amante apaixonada depois de deitares os miúdos. É suposto que tenhas miúdos! É suposto que o teu tempo chegue para tudo. É suposto que te dediques e te esforces. É suposto que lutes por direitos que te deviam ser de direito. É suposto que te tornes igual quando tudo em ti é diferente. É suposto que sejas Mulher...como se ser Mulher te fosse apenas um género com que um sexo, entre as pernas, te identifica.
És mais do que aquilo que um dia homenageia, és maior do que aquilo que o teu sexo define. És Mulher...celebra-te a ti, ao que és, ao que ousas não ser, ao que te define e não ao que te é definido. Celebra-te...acima de tudo e para além do que é suposto!
Felizes sejam todos os teus dias Mulher!


domingo, 6 de março de 2016

O invisível aos olhos



Hoje vi o Principezinho. Já tinha lido o livro, há muito tempo atrás, mas há histórias que vale a pena relembrar.
Sou uma contadora de histórias e acredito que, ninguém conta melhores histórias do que o coração. Ele sim, é o autor favorito de todos. As suas, são as histórias mais lidas, mais contadas, mais bonitas, mais partilhadas.
Uma das frases mais conhecidas desta história de Saint Exupéry é: ‘ O essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração.’
Paramos poucas vezes para olhar com o coração. Paramos poucas vezes para definir o que é, realmente, essencial. Perdemo-nos algures durante o crescimento, desviamo-nos da rota do sentir e vamos atrás do rebanho que se guia pelo querer. Queremos ter dinheiro, queremos ter sucesso, queremos ter o amor perfeito, queremos ter a família exemplar, queremos ser os melhores e mais admirados. Esquecemos o essencial, esquecemos o que advém dessa simples palavra: a essência das coisas, a essência de nós! De tanto querer, esquecemo-nos de ser! De tanto querer, tornamo-nos invisíveis para nós mesmos!
Esta história, mascara-se de história infantil apenas para que nós, adultos, nos relembremos de ser crianças. Não podemos parar o tempo, não podemos evitar as dores do crescimento, o que ele nos faz…mas podemos não esquecer, não esquecer de ver com o coração!
São vários os momentos de aprendizagem nesta história, várias as frases a reter: "Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas”, “Cada um que passa na nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós; leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo.”
Espero que, cada um de nós, em determinada altura, pare para olhar: para si, para os outros, para a vida mas, especialmente, para a criança que deixou lá atrás, para os sonhos que ela carregava, para a forma simples como vivia os dias, para a verdade com que sentia, para a leveza que o seu coração, ainda puro, sentia!
Não podemos deixar de crescer mas podemos e devemos, conservar em nós essa essência e magia que nos torna a todos ‘o principezinho’ da nossa história!