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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O ultimo conto de 2015


Tinha sido um ano de afetos...como todos os outros e uns atrás dos outros. Era sempre assim, mesmo quando decidia fechar a porta do coração, teimavam em vir arromba-la e entravam sem pedir. Diziam-lhe o quão especial era, mostravam-lhe que era possível voltar a acreditar e, quando ela acreditava, partiam. Não sabia porquê, nem sabia porque partiam apenas em partes, deixando aqui e ali a sua presença, voltando de quando em quando para a lembrar do quão ...maravilhosa era, ainda que não fizessem do coração dela a sua casa. Até que veio ele. E era apenas mais um, era apenas alguém que tinha chegado nas suas pausas de acreditar. Era uma presença estranha, que se manifestava numa ausência cada vez mais sentida. Era feito de muitos mundos, e ela era uma viajante. Era um mistério que aos poucos ela queria cada vez mais descobrir. Não era corpo, era algo que, estranhamente, lhe entrava pela alma. Um furacão de emoções que lhe metia medo e ao mesmo tempo a fazia ficar. Existia apenas dentro de si...a ocupar cada vez mais espaço. Era a sua fantasia e, mesmo não sendo a fantasia perfeita, ela acreditou. Acreditou que nada era por acaso, que aquele estranho que tinha entrado em si, poderia ser o eterno habitante do seu amor. Porque raio nos apaixonamos pelo lado de dentro de alguém? Sabia a resposta...um dia já se tinha apaixonado assim, um dia já tinha amado pelo lado de dentro. E amar pelo lado de dentro é a maior das provas de fé no amor. Ela teve fé na sua fantasia..., por horas, por dias, meses. E ele não chegou. Ele não quis sair do mundo dele para partilhar sentimentos reais, para a amar, para ser amado da forma que ela sabia: pelo lado de dentro!
E no último dia do ano ela ia despedir-se dele e deixá-lo lá, onde moram os amores 'mortos' pelo medo, o destino ou a vida... do lado de dentro!
(E viriam mais dias de afetos, mais pessoas, mais histórias, mais anos...porque a vida não para nos dias do calendário e ela não deixava de acreditar, mesmo com pausas)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Espero por ti?


Ponho o vestido novo que comprei especialmente para a ocasião...gosto de estar bonita, embora espere que a beleza em que te percas seja a que vês para além dos olhos.
Pinto os lábios de vermelho, a cor da paixão, a mesma com que anseio um beijo teu que me tire o bâton.
Borrifo-me de perfume para que ao sentir o teu abraço o meu cheiro te fique gravado na pele.
...
Preparo o champanhe e as duas taças com que quero brindar contigo assim que soarem as badaladas.
Não gosto de passas mas pedirei cada um dos 12 desejos de olhos fechados a apertar a tua mão.
Vai haver fogo de artifício nos céus e será tão pouco comparado com o que arde dentro de nós!
Está tudo pronto...
Aguardo o som do teu carro a chegar, o casaco quente para me juntar a ti, numa noite fria em que faço questão de olhar contigo para o céu...porque nem o céu será o nosso limite!
Espero por ti, com a mesma fé dos que acreditam num novo ano melhor.
Estou aqui...tenho um lugar guardado no meu coração que anseia por ti.
Vai começar um novo ano...vens?

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Os homens também choram


E naquele dia, depois do abraço, o sofá de sempre, eu sentada, tu deitado com a cabeça em cima do meu colo…passávamos horas assim. Eu falava, tu falavas ou éramos silêncio apenas. Outras vezes punha para ti as músicas que eu ouvia e que tu nem sequer conhecias. Lembro-me das gargalhadas que davas a pensar o que diriam ‘lá fora’ se te vissem ali, nos nossos momentos!
Naquel
e dia, depois do abraço, tu deitado no meu colo, começaste num choro sem fim! Nunca te tinha visto chorar! E choraste naquilo que me pareceu um tempo interminável, num silêncio só cortado pelo bater do teu coração acelerado. Puxaste-me a mão para te sentir o peito e num choro convulsivo sussurraste: ‘já cá está! E é tão grande, e é tão forte e tira-me o ar… não sei o que fazer com ele!’
E foi assim, por entre lágrimas e um desespero que te tirava o ar, que disseste pela primeira vez que me amavas! E foi esse o dia em que te apertei forte nos meus braços e te lambi as lágrimas, desejando levar-te todos os medos! E foi esse o dia em que vi o homem-menino, o homem frágil, o homem dor, o homem amor…e foi nesse dia que vi, pela primeira vez, o homem maior!
E desde esse dia, choraste vezes sem fim, por ti, por mim, por nós… por um amor que era vida e morte, por um sentir que era ar e fogo, por um viver que era tempo e fim anunciado!
E desde esse dia, tive a certeza que o amor maior existe.
E desde esse dia, tive a certeza, que a grandeza de um homem não se mede pela aparência mas sim pelo amor que dá e pelas lágrimas que chora!

domingo, 20 de dezembro de 2015

Agridoce...

Não és um doce... mas eu também não gosto de açucar!
Não me sussuras ao ouvido palavras de amor...mas eu mal consigo ouvir o que dizes assim que me tocas!
Não me comes em beijos...mas ainda assim conservo em mim o teu sabor!
Não tens sede de mim...mas eu bebo-te em palavras e sacio-me de ti!
Não sou quem te tira a fome de amar...mas sou a dispensa que podes abrir sempre que estiveres com fome!
Não és um doce...mas eu aprendi a gostar dos amargos da vida!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Tempos distantes


Não és tu. Não sou eu. Não somos nós. 
O meu tempo está distante do teu. A minha ânsia por descobrir algo novo esbarra com o teu medo de sair.
O meu coração,que quer voltar a encher-se , não bate ao mesmo compasso do teu que está ainda cheio de outros amores.
As minhas cicatrizes não me doem, as tuas mal consegues vê-las ao espelho.
As minhas certezas magoam as tuas eternas dúvidas.
A minha busca não termina, a tua estende-se em cada paragem que fazes, cansado de buscar.
 Não desisto do que quero mas sei desistir daquilo que o tempo não me quer dar.
 O meu tempo está distante do teu.
Mas estamos aqui a viver neste mesmo tempo onde um dia nos cruzamos...e gosto de ti porque me lembras tanto de mim!
Gosto de ti porque te vejo para além dos medos.
Gosto de ti porque te leio despido e sem máscaras.
Gosto de ti porque sei que uma parte de ti ainda acredita.
Não a deixes morrer...não deixes morrer essa parte da tua alma que te torna tão diferente!
Vive! Foi a coisa mais importante que um dia aprendi: a viver para além de todos os medos!
Não és tu. Não sou eu. Não somos nós. Será alguém...e que venha para ser eterno enquanto durar!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A praia onde foram felizes...




"-Cada segundo fica guardado em mim para sempre...
-Amo-te.Vou dizer isso todos os dias da minha vida.Porque devo. É a única coisa que ainda faz sentido.E para sempre é muito tempo mas é para sempre que será...
-Sim, para sempre é muito tempo...as lembranças ficam para sempre, essas ninguém nos tira! E não me arrependo de nada.
-Eu arrependo. Todos os dias desde ti me arrependo. Amo-te, nunca duvides disso. Não me arrependo de ti, de nós...só não queria roubar-te o sorriso.Isso mata-me lentamente, é o meu cancro. É assim que me sinto, um cancro.
-Já chorei.Desta vez chorei tudo, desta vez prometi a mim mesma que não deixava nada por chorar...
-Encontrar um anjo como tu é impossível, fazê-lo chorar é a maior filha da putice que podia fazer.
-Choro tudo porque depois tudo vai ficar bem. Sabes o que fica, o que me deste? Não foram lágrimas...mostraste-me o amor: o verdadeiro, o grande, o puro, o genuíno. Vieste à minha vida para me mostrar o amor e vou agradecer-te isso o resto dos meus dias.
-Agradece a ti...tu és o anjo, eu sou apenas o pobre diabo no teu caminho.
-Ficamos lá, naquele arraial, agarradinhos e felizes . É essa a imagem que quero guardar de nós....
- E desapareço...assim, como um dia apareci? Morri naquela areia, nos teus braços .O meu sorriso mora no fundo dos teus olhos. Vou porque me pedes mas sofro mudo.
-Este vazio que sinto é como se te tivesse perdido para a morte.É isso que sinto, que morreste naquele dia e contigo morreu uma parte de mim...
(E sempre que volta aquela praia ele está lá: o cesto de frutas, o abraço apertado, as mãos entrelaçadas. Ele continua vivo, ela continua a viver e cada um, do seu lado do mundo, volta sempre á praia onde foram felizes...)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Não sejas ovelha...


-Promete-me que nunca vais ser vulgar. Não por mim, por ti...promete-me!
-Vulgar? Como assim?
-Ovelha. Que nunca vais fazer parte do rebanho, que vais ser sempre tu.
-Não sei onde queres chegar...se há coisa a que eu sou fiel é a mim própria. Que rebanho é esse de que falas? Aliás, neste momento não podia sentir-me mais 'ovelha negra'!
-Isso. É isso de que falo.Tu seres tu. Não por mim nem por ninguém...por ti.
-Sim, por mim porque toda a vida fui pelos outros...
-És um ser maravilhoso. Tu és tudo menos normal. És um anjo, o meu anjo, o meu amor...
-Os anjos não tem corpo, não beijam, não abraçam, não erram...Um dia vou ser um anjo, um dia.
-Tu tens. Beijas, abraças, erras...és um anjo perfeito.
-Sou apenas alguém que te ama...só.
-Apenas alguém...és tudo! Só quero que me prometas que nunca terá sido em vão, que isto nunca vai morrer dentro de ti...Podes um dia seguir, desviar-te, desistir, sei lá, chama-lhe o que quiseres, mas isto, nós, nunca vamos morrer um do outro!
- Prometo, de olhos fechados. Estás em mim, na minha alma e é aqui que ficarás, prometo.
- Um dia, quando fores, guarda-me dentro de ti e chama-me apenas quando precisares de ouvir de mim o que sempre te disse: vive! Porque tu és única, porque tu és Vida!
(e ela viveu, longe do rebanho, onde ás vezes só restava a solidão. Mas nunca foi ovelha...)

Não...


Não te consigo esvaziar os medos se não me deixas entrar...
Não consigo guiar-me nos túneis do teu coração, se me apagas a luz...
Não sei ser palavra se me és silêncio...
Não consigo chegar a ti se me levas o mapa...
Não posso 'curar-te'  as cicatrizes se as disfarças com pensos rápidos...
Não chego a ser companhia se preferes solidão...
Não te posso dar de mim o que teimas em não receber...
Não consigo ser inteira se só me queres em metades...
E mesmo que à minha volta tudo grite que não, se vieres, eu dir-te-ei que sim!

domingo, 13 de dezembro de 2015

Até velhinhos




E, se os anos, meses, dias que te restam, fossem passados ao meu lado?
Andaríamos na rua de mãos dadas, sempre...
Não sairias de casa sem um beijo doce e saudade contida no 'até já' que diríamos...
Acordarias com o meu sorriso, porque acordar a teu lado é o primeiro motivo do meu dia para sorrir...
Brigaríamos vezes sem fim, por tudo e por nada, e acabaríamos a nossa birra infantil nos braços um do outro, a rir...
Passaríamos os domingos de inverno no sofá, cabeça deitada no colo do outro, umas vezes tu, outras eu mas sempre nós...
Levaríamos horas a decidir o que fazer ou para onde ir mas, no final, o que importa é que faríamos juntos e não iríamos um sem o outro...
Faria as minhas saídas com as 'míudas', até o corpo aguentar, sabendo que me esperarias ensonado, para o último beijo de boa noite...
Serias cobiçado por tantas outras que, não imaginariam sequer o quanto transbordavas de amor, o meu amor...
Encheríamos o telemóvel de mensagens lamechas e amo-te a toda a hora, porque a paixão é uma chama que precisa de sopro...
Pediríamos desculpa vezes sem fim porque o orgulho morre nos braços do amor...
Não seríamos perfeitos um para o outro porque a perfeição sempre foi chata demais para nos servir...
Encontraríamos sempre peças perdidas que não encaixam em nós mas, teríamos a vida para refazer o nosso puzzle...
Tocarias as minhas rugas e eu as tuas, com orgulho de cada uma delas ser a marca de um tempo só nosso...
Seria isto e muito mais...passo a passo, lado a lado com a certeza de que o amor nos guiaria sempre...até velhinhos!

sábado, 12 de dezembro de 2015

Ninguém



Quem sou eu que ousei imaginar o teu amor?
Quem sou eu que ousei sonhar para além do corpo?
Quem sou eu para achar que te tirava os medos?
Quem sou eu para deixar que entrasses em mim?
Quem sou eu para ousar entrar num coração magoado?
Quem sou eu que vi em ti alguém que os olhos não mostram?
Quem sou eu que te senti de uma forma que não consigo descrever?
Quem sou eu que nada sabe de ti e sempre te conheceu?
Quem sou eu que sem saber nadar só quer mergulhar em ti?
Quem sou eu que sem saber para onde ir, quer ir contigo?
Quem sou eu para acreditar que seria eu?
Sou ninguém… ninguém que apenas queria ser, para ti, alguém!



domingo, 6 de dezembro de 2015

E é assim...



E não sei de onde veio este sentir, este querer…mas está cá. Já está cá...
Está no cheiro da pele, está no arrepio do toque, está no
sabor dos lábios, está na ânsia das palavras, está no silêncio do olhar, está no calor do abraço, está na saudade antecipada, está no aperto que fica quando o tempo é pouco…...

Está em mim, cada vez mais entranhado, cada vez mais
misturado, cada vez mais verdadeiro…
Talvez seja errado e se torne certo, talvez seja intenso e me torne frágil, talvez seja medo e se torne fé...
Não sei de onde vem este sentir, este querer, mas sei que é assim que sinto, é assim que me dou, é assim que sou!
E não sei se é assim que se deve sentir, que se deve querer, apenas e só,é assim que já te sinto, é assim que já te quero...


Apenas ser...



 Mostra-me de ti apenas o que quiseres mostrar, eu mostrar-te-ei sempre o que sou...
Dá de ti apenas o que quiseres dar, eu dar-te-ei apenas o melhor de mim...
Leva de mim o que quiseres levar e deixa comigo a certeza do que és......

Assim, simples, verdadeiro, real...assim, apenas sendo, porque entre nós não quero que exista medo de ser!
Não quero saber porque vieste, não me importa se vais ficar muito ou pouco tempo mas enquanto cá estiveres, somos?


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A (não) definição dele...



Ele é uma viagem interminável, feita de caminhos cruzados entre o coração e a razão.
Ele é um mar de palavras soltas que navegam em ondas de paixão.
Ele é pássaro livre em voos sem destino nem tempo de chegar....

Ele é verdade de ser, escondido na mentira de estar.
Ele é a doce paragem das amargas passagens da vida.
Ele é a fé perdida de quem teima em acreditar.
Ele é um mundo de sombras guiado por uma alma de luz.
Ele é um ser sem definição...porque ser, é apenas um dos seus actos de coragem!