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domingo, 25 de outubro de 2015

Que se F***!

 
 
 
 


Costumava planear quase tudo na minha vida…ou pelo menos pretendia fazê-lo! Achava que se o fizesse a margem de erro era menor, a possibilidade de tudo sair perfeito aumentava. Talvez o fizesse fruto de uma maturidade que me foi imposta pela vida, de um ‘crescer á força’ que implicava demasiadas responsabilidades e compromissos.

Nunca me contentei com o plano A, tinha de ter sempre um plano B. E, como se não bastasse planear para mim, planeava também para os que amava. Por eles e para eles…

Enchi-me de planos ao longo dos anos e, com eles, nem percebi que perdia aquilo que mais me definiu sempre: a espontaneidade!

Um dia, quase sem me aperceber, depois de fazer tantos planos, falhei! Não havia plano B… Sentes-te perdida, sentes-te vazia, sentes-te ‘sem rede’, mas decides ir, decides buscar de novo aquilo que perdeste, decides ir em busca de ti e da espontaneidade com que, um dia, pensaras abraçar a vida mas que essa mesma vida acabara por te roubar. Viver o momento…senti-lo, aproveitá-lo, encher-te dele e depois deixa-lo ir…sem medo, porque mais momentos virão!

Ao inicio custa, custa desabituares-te de pensar no amanhã, no daqui a 1 mês ou daqui a um ano. Parece que não tens rumo, sentes-te perdida, sem mapa… num desses momentos conheci uma pessoa maravilhosa, simples na forma de estar e de viver, e que um dia me disse : ‘Bela, aprende a dizer que se f*** (sim, esse palavrão), grita-o bem alto cada vez que estiveres indecisa e vai… vai sentir com o coração, vai sem mapas, vai viver o hoje, vai ser feliz hoje porque hoje é que importa que sejas feliz! Amanhã? Amanhã que se f***!’

Lembro-me destas palavras sempre que a razão me quer travar o coração, sempre que o medo me quer travar o impulso, sempre que teimo em querer respostas para todas as perguntas! E vou…

Quando te soltas, quando te deixas ir, a vida dá-te momentos maravilhosos para colecionar, põe no teu caminho pessoas fantásticas para partilhares esses momentos, ensina-te que a perfeição pode estar nas coisas mais inesperadas, que se esvaziares a tua mente de planos ganhas espaço no coração para sentir tudo de bom que estás a viver!

Hoje agradeço os momentos felizes da minha vida, as pessoas que me enchem os dias com esses momentos, a espontaneidade que voltei a encontrar, a paz que reside nas coisas mais simples… hoje agradeço por todas as vezes em que digo: ‘que se f***!’

sábado, 24 de outubro de 2015

#saturday

 
 
Adoro o cheiro a panquecas que fica na cozinha...cheiro a sábado de manhã, cheiro aos dias em que o tempo tem todo o tempo do mundo...momentos!
Não vos posso mandar o cheiro bom que paira no ar mas deixo-vos a banda sonora que acompanha este 'lazy day'!
Bom dia minha gente!!
 
 
 
 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Mar docer lar


'Fugi' para aqui sempre que precisava de respirar um novo ar, sempre que me perdia nas questões da vida e precisava de respostas, sempre que precisava de silêncio...continuo a 'fugir' para contar as minhas histórias, para ouvir as dele, para me 'encher' da calma que muitas vezes a correria dos dias me leva.
Hoje parei aqui bocadinho para escrever mais umas páginas da história, para inspirar e me inspirar! É sempre bom voltar a 'casa'...

domingo, 11 de outubro de 2015

A viagem...




Tenho espirito de viajante…gosto de ir, apenas ir! Durante muito tempo quis perceber estas duas forças que existiam em mim: a necessidade premente de partir e o apego a tudo aquilo que era ‘desculpa’ para ficar. Era como se houvesse em mim duas pessoas.

Não sei se acreditam em vidas passadas. Eu acredito. Acredito que a vida que tenho em mim não se esgota aqui, neste lugar, neste espaço de tempo que me foi decretado. Um dia disseram-me que, em outra vida, fui viajante, daquelas que ía e não sabia quando voltava, das que não criam raízes em lado nenhum, das que não se prendem, das que não se apegam, das que não temem as despedidas… esse era o meu Karma, arranjar o equilíbrio entre o partir e o ficar, entre o apego e o desapego.

Há dois tipos de viajantes: os que viajam por agência, com tudo marcado, roteiros traçados, guia turístico, grupos…se algo correr mal, pede-se indemnização á agência, culpa-se o guia, diz-se que o que valeu foi a companhia e não se volta a repetir o destino.

Depois há os outros…os que vão ‘sem rede’, apenas com um destino definido mas sem guia, sem nada programado. Vão sentir, explorar, deixar-se levar pelo momento, aproveitar cada surpresa da viagem, aprender. Se algo correr mal, não há culpados, não se pedem indeminizações e , na maior parte das vezes, volta-se a repetir o destino, fazendo a viagem por outro caminho.

Fiz muitas viagens ao longo da vida, vinha de todas elas cheia, preenchida, com sede de mais, com planos para a próxima…

Achava que a viagem da minha vida ía ser á India. Estava a preparar-me psicologicamente para a fazer. Era, provavelmente, a viagem que me mudaria como ser humano, que me faria mudar a perspectiva de tudo. Ainda não fui á India. Descobri que a viagem da minha vida não era a outro país, a outra cultura, a outra realidade…a viagem da minha vida estava tão mais perto, estava dentro de mim! Para a viagem á Índia posso preparar-me, escolher o momento certo, fazer o que sempre fiz melhor: planear! Para esta viagem, a que um dia decidi fazer dentro de mim, não há planos que resultem, mapas que me guiem, datas escolhidas! Viajarmos ao mais fundo de nós mesmos é uma viagem solitária, muitas vezes desconfortável, outras tantas dolorosa. Os caminhos são difíceis, a paisagem ás vezes assusta, o silêncio consegue ser aterrador…talvez por isso, esta seja ‘a’ viagem da minha vida!

Sempre ouvi de todos: ‘tu és forte, tu és uma lutadora, tu és um exemplo…’ Convenci-me que tinha de ser assim, aprendi a ‘fugir para a frente’ como ninguém. Não me detinha nos problemas, não fazia o ‘luto’, não os explorava… seguia, como dizem que fiz um dia em outra vida. Seguia porque era isso que eu sabia fazer melhor: ir! Ir em frente e levar na bagagem todos os que amava, todos os que precisavam de mim, todos os que eu não podia desapontar!

Não deixei de ter este espirito de ir, não deixei de ser viajante mas, hoje recuso-me a fugir das viagens a sós, hoje recuso-me a seguir sem perceber, dentro de mim, qual é o caminho. O que mais me custa? O silêncio…

Viajar sozinho é sair da nossa zona de conforto. Não é para todos, não é compreendido por todos, nem todos nasceram com espirito de viajante. O que existe dentro de mim pode ser maior do que o mundo lá fora, pode ensinar-me mais do que uma viagem á India, pode guiar-me mais do que os mapas que foram traçados por outros. Aqui, nesta viagem, vou descobrir o melhor de mim, vou aceitar o que sou, vou perceber o que é importante, vou deixar de fugir porque é isso que ‘os fortes e lutadores’ fazem. Não é qualquer pessoa que conseguirá fazer uma viagem destas comigo, ir com fé, sem destino, dar-me a mão e perder os medos, confiar, partilhar os silêncios. Já ouvi algumas vezes: ‘não te consigo acompanhar’…não faz mal, seguirei sozinha, porque nem todos na vida nascem com a mesma missão, com a mesma ambição, com o mesmo Karma…nem todos nascem viajantes!

 

 


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Até já ...


E dançava, dançava, dançava de sorriso no rosto, deixando que a musica lhe levasse a dor, deixando que por momentos, se esquecesse do vazio que tinha dentro de si. 
Ele, a um canto do bar, não conseguia tirar os olhos dela. Era bonita, mas mais do que isso, tinha algo que lhe prendera o olhar… o sorriso! Ficara preso aquele sorriso no primeiro momento em que os seus olhos pousaram nela. E musica após musica observava-a dançar e sorrir. Ela nem reparara nele, aliás, parecia que dançava num circulo onde só ela estava, sem se importar com as pessoas que a rodeavam.
A determinada altura os seus olhares cruzaram-se, finalmente. Ele esboça um sorriso e ela ignora-o. Mais tarde, o amigo com quem ele estava, oferece lume a uma das suas amigas e aproximam-se todos uns dos outros.
-Olá sou o Manuel.
-Ana.
-Já há algum tempo que te estava a observar a dançar… divertes-te mesmo!
-Hummm. E isso é o mais interessante que tens para me dizer?- Ana soltou uma gargalhada com o ar de embaraço que viu no rosto dele- Sim, gosto mesmo de dançar! Faz-me esquecer tudo o que me rodeia. A música faz milagres!
-Concordo contigo -e, quando Manuel pensava continuar aquela conversa, ela sai disparada para dançar a música que começara naquele instante a tocar.
E foi assim o resto da noite. Ele de copo na mão a observá-la, ela a dançar e a trocar olhares com ele por entre risos.
No final da noite, ou melhor, quando se viam já os primeiros raios de Sol, estava na hora de vir embora e Manuel ganhou coragem:
-Diz-me bailarina, posso convidar-te para um café? 
-Poder convidar podes, eu posso é não aceitar! - e Ana soltou uma das suas gargalhadas- Por norma não vou tomar cafés com rapazes que conheço em bares.
-Mas eu não sou um qualquer. Não te pareço um rapazinho com quem merece a pena tomar um café?
-Isso agora…
-Bom, mas vamos trocar números de telefone ou não? – disse Manuel querendo parecer mais descontraído do que o que estava na realidade.
- Fazemos assim… dás-me tu o teu número e, ficas á espera que eu te telefone.
-Não é uma proposta justa. Ainda para mais quando acabaste de me dizer que corro o risco de ser considerado mais um desses rapazes que andam pelos bares a engatar miúdas e, aos quais não dás sequer o beneficio da dúvida. Dou-te o meu número, dás-me o teu e vemos quem dá o primeiro passo… que tal assim?
- Ana puxa do maço de tabaco dele e escreve o número do seu telemóvel (já tinha aderido a essa nova tecnologia, finalmente).
- Boa. Agora tens onde apontar o meu?
-Não vou ficar com o teu número. Se quiseres, ligas-me tu.
Manuel soltou uma gargalhada. Aquela miúda não era fácil de convencer. Mas ele não ía desistir. Claro que lhe ía ligar, claro que queria conhecê-la melhor, claro que queria ver aquele sorriso mais vezes.
-Então, até um dia destes. Fica a aguardar o meu telefonema.- e piscou-lhe o olho, enquanto a beijava na face.
Ana lembra-se de ter fixado o cheiro dele. Sempre fora dada a cheiros, era dos sentidos a que mais dava importância, o olfacto. Manuel cheirava bem, muito bem.
No dia seguinte, quando acordou da ‘ressaca’ da noite anterior lembrou-se de Manuel… será que ele lhe ia ligar? Bem, isso agora também não era importante! Não queria envolver-se com ninguém, estava a passar uma fase tão complicada que não era, com certeza um rapaz que conhecera na noite, que ia trazer algo de bom á sua vida.
Enganou-se redondamente!
Dois dias depois o telemóvel tocou com um número que ela não conhecia. Do outro lado ouviu:
-Olá bailarina! Lembraste de mim? O rapaz da noite que anda por aí a desencaminhar miúdas para um café?
Ana soltou uma gargalhada sonora. Afinal ele sempre ligara.