Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Almas gémeas


Eram almas gémeas.
Ela já tinha ouvido falar nisso, achava até que já tinha encontrado a sua. Não. Percebeu através dele o que era uma alma gémea.
Ele tinha chegado como se sempre lá tivesse estado. Não se encontraram, regressaram a casa, não se conheceram, reconheceram-se, não se amaram, voltaram a amar-se!
Com ele, ela apaixonou-se pela vida, com ele reaprendeu a sonhar, com ele virou-se do avesso para recuperar um lado de si que estava esquecido. Com ele era a menina que tinha deixado na infância, com ele era a rebelde e a aventureira sem deixar de ser a doçura e a entrega. Com ele era feliz na sua fragilidade e era a heroína dos seus medos. Com ele, era o melhor de si!
Ele conhecia-a como ninguém, amava-a pelo lado de dentro, vivia no fundo dos seus olhos. Estavam ligados por algo maior, algo que não cabia no coração e se alojava na alma.
O que sentia por ele abanou todo o seu ‘mundo’, deitou por terra tudo aquilo que julgara saber sobre o amor, sobre a vida…e ainda assim, era com ele que se sentia completa e intacta, como se nenhuma peça faltasse ao seu puzzle.
Nunca, entre eles, se contava o tempo. O seu tempo, não sabiam onde tinha começado e, cada ‘até já’ que diziam na despedida, vinha acompanhado de um tempo que podia nunca mais voltar…
Um dia ele foi (como ela sempre sentira que tinha de ser). A dor tinha sido insuportável, o desespero pelo vazio deixou-a quebrada em pedaços. E, é só quando quebras o teu coração, quando tudo o que estava dentro dele se esvazia, que aprendes a deixar entrar, novamente, a luz. E é só quando ‘morres’ que te sentes grata por voltar a viver!
Depois da dor, ela conseguiu perceber o porquê da partida. Depois da dor, ela sentiu-se grata por ele mas ainda mais, pela pessoa que ela era agora. Depois da dor ficou o amor.
Ele ensinou-a a voltar a amar, a voltar a amar-se. Ele mostrou-lhe o amor maior para ela não se perder em amores menores. Ele recarregou-a de vida para ela não se esquecer de viver. Ele veio devolver-lhe o melhor dela e era assim que a queria deixar: autêntica, única, livre de tudo e cheia de si!
 Só as almas gémeas se mostram assim, só as almas gémeas ensinam assim, só as almas gémeas se dão assim!
Não houve depois dele porque nunca partiram um do outro, apenas percorreram caminhos opostos, deixando o espaço mas não o tempo…
Iriam reencontrar-se noutras vidas, iriam voltar a amar-se em todos os tempos e todas as vidas, porque as suas almas, num tempo que não tinha início nem fim, tinham escolhido pertencer uma à outra.

Sem comentários:

Enviar um comentário