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terça-feira, 25 de agosto de 2015

90...



Hoje farias 90 anos…

Imagino que o cabelo te estaria completamente branco, o rosto outrora bem desenhado estaria coberto de rugas, os olhos verdes estariam já sem o brilho de outros tempos, o teu 1,80 de altura teria, decerto, diminuído porque o tempo nos faz vergar às vicissitudes da vida e ficamos pequenos…cada vez mais pequenos! Não sei se me ouvirias dizer-te ao ouvido : amo-te, mas sei que me apertarias, com o que te restasse de forças, no ninho dos teus braços compridos. E eu ficaria ali, naquele abraço, a descansar como quem chega a casa depois de uma longa viagem!

Aos meus olhos continuarias a ser a mais bela das mulheres, a mãe guerreira que punha a armadura de ferro para esconder um coração que transbordava de amor, a que chorava para dentro as minhas dores e me dizia sempre para não chorar, a que me deixava cair e levantar sozinha para me mostrar que eu conseguia, sem ajuda…

Sempre te admirei, sempre vi em ti não a mulher grande mas grandiosa, não a mãe perfeita mas a mãe genuína.

Não sou nada daquilo que um dia foste mas ficou em mim muito de ti…não tanto do que me ensinaste mas sim do que me deste, porque o amor não se ensina, a vida não vem nos livros!

Ás vezes ‘oiço-te’ reclamar das minhas escolhas, ‘sentir’ tristeza por decisões que tomei… mas também sinto a tua mão a apertar com força a minha em cada caminho que decido percorrer, a tua voz a dizer: ‘vai e se te arrependeres volta, se caíres levanta-te e limpa as lágrimas, se doer o tempo cura, se for difícil tu consegues!’ Esta és tu em mim!

Hoje não te posso abraçar, não te posso celebrar os 90 anos mas posso fazer o que sempre fizemos em cada aniversário teu: celebrar a vida! Parabéns minha mãe!

 

 

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