Hoje farias 90 anos…
Imagino que o cabelo te estaria completamente branco, o
rosto outrora bem desenhado estaria coberto de rugas, os olhos verdes estariam
já sem o brilho de outros tempos, o teu 1,80 de altura teria, decerto,
diminuído porque o tempo nos faz vergar às vicissitudes da vida e ficamos
pequenos…cada vez mais pequenos! Não sei se me ouvirias dizer-te ao ouvido :
amo-te, mas sei que me apertarias, com o que te restasse de forças, no ninho
dos teus braços compridos. E eu ficaria ali, naquele abraço, a descansar como
quem chega a casa depois de uma longa viagem!
Aos meus olhos continuarias a ser a mais bela das mulheres,
a mãe guerreira que punha a armadura de ferro para esconder um coração que transbordava
de amor, a que chorava para dentro as minhas dores e me dizia sempre para não
chorar, a que me deixava cair e levantar sozinha para me mostrar que eu
conseguia, sem ajuda…
Sempre te admirei, sempre vi em ti não a mulher grande mas
grandiosa, não a mãe perfeita mas a mãe genuína.
Não sou nada daquilo que um dia foste mas ficou em mim muito
de ti…não tanto do que me ensinaste mas sim do que me deste, porque o amor não
se ensina, a vida não vem nos livros!
Ás vezes ‘oiço-te’ reclamar das minhas escolhas, ‘sentir’
tristeza por decisões que tomei… mas também sinto a tua mão a apertar com força
a minha em cada caminho que decido percorrer, a tua voz a dizer: ‘vai e se te
arrependeres volta, se caíres levanta-te e limpa as lágrimas, se doer o tempo
cura, se for difícil tu consegues!’ Esta és tu em mim!
Hoje não te posso abraçar, não te posso celebrar os 90 anos
mas posso fazer o que sempre fizemos em cada aniversário teu: celebrar a vida!
Parabéns minha mãe!
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