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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Até já ...


E dançava, dançava, dançava de sorriso no rosto, deixando que a musica lhe levasse a dor, deixando que por momentos, se esquecesse do vazio que tinha dentro de si. 
Ele, a um canto do bar, não conseguia tirar os olhos dela. Era bonita, mas mais do que isso, tinha algo que lhe prendera o olhar… o sorriso! Ficara preso aquele sorriso no primeiro momento em que os seus olhos pousaram nela. E musica após musica observava-a dançar e sorrir. Ela nem reparara nele, aliás, parecia que dançava num circulo onde só ela estava, sem se importar com as pessoas que a rodeavam.
A determinada altura os seus olhares cruzaram-se, finalmente. Ele esboça um sorriso e ela ignora-o. Mais tarde, o amigo com quem ele estava, oferece lume a uma das suas amigas e aproximam-se todos uns dos outros.
-Olá sou o Manuel.
-Ana.
-Já há algum tempo que te estava a observar a dançar… divertes-te mesmo!
-Hummm. E isso é o mais interessante que tens para me dizer?- Ana soltou uma gargalhada com o ar de embaraço que viu no rosto dele- Sim, gosto mesmo de dançar! Faz-me esquecer tudo o que me rodeia. A música faz milagres!
-Concordo contigo -e, quando Manuel pensava continuar aquela conversa, ela sai disparada para dançar a música que começara naquele instante a tocar.
E foi assim o resto da noite. Ele de copo na mão a observá-la, ela a dançar e a trocar olhares com ele por entre risos.
No final da noite, ou melhor, quando se viam já os primeiros raios de Sol, estava na hora de vir embora e Manuel ganhou coragem:
-Diz-me bailarina, posso convidar-te para um café? 
-Poder convidar podes, eu posso é não aceitar! - e Ana soltou uma das suas gargalhadas- Por norma não vou tomar cafés com rapazes que conheço em bares.
-Mas eu não sou um qualquer. Não te pareço um rapazinho com quem merece a pena tomar um café?
-Isso agora…
-Bom, mas vamos trocar números de telefone ou não? – disse Manuel querendo parecer mais descontraído do que o que estava na realidade.
- Fazemos assim… dás-me tu o teu número e, ficas á espera que eu te telefone.
-Não é uma proposta justa. Ainda para mais quando acabaste de me dizer que corro o risco de ser considerado mais um desses rapazes que andam pelos bares a engatar miúdas e, aos quais não dás sequer o beneficio da dúvida. Dou-te o meu número, dás-me o teu e vemos quem dá o primeiro passo… que tal assim?
- Ana puxa do maço de tabaco dele e escreve o número do seu telemóvel (já tinha aderido a essa nova tecnologia, finalmente).
- Boa. Agora tens onde apontar o meu?
-Não vou ficar com o teu número. Se quiseres, ligas-me tu.
Manuel soltou uma gargalhada. Aquela miúda não era fácil de convencer. Mas ele não ía desistir. Claro que lhe ía ligar, claro que queria conhecê-la melhor, claro que queria ver aquele sorriso mais vezes.
-Então, até um dia destes. Fica a aguardar o meu telefonema.- e piscou-lhe o olho, enquanto a beijava na face.
Ana lembra-se de ter fixado o cheiro dele. Sempre fora dada a cheiros, era dos sentidos a que mais dava importância, o olfacto. Manuel cheirava bem, muito bem.
No dia seguinte, quando acordou da ‘ressaca’ da noite anterior lembrou-se de Manuel… será que ele lhe ia ligar? Bem, isso agora também não era importante! Não queria envolver-se com ninguém, estava a passar uma fase tão complicada que não era, com certeza um rapaz que conhecera na noite, que ia trazer algo de bom á sua vida.
Enganou-se redondamente!
Dois dias depois o telemóvel tocou com um número que ela não conhecia. Do outro lado ouviu:
-Olá bailarina! Lembraste de mim? O rapaz da noite que anda por aí a desencaminhar miúdas para um café?
Ana soltou uma gargalhada sonora. Afinal ele sempre ligara.

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