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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Saído de um filme...


Parecia uma cena saída de um filme…
Uma praia. Eu, sozinha, à espera do por do sol, como tantas vezes fazia. O telemóvel toca e tu perguntas:
- Onde estás?
...
- Aqui, na minha praia!
-Eu também, aqui na tua praia!
E comecei a tremer…onde estavas que não te via? Tu, aqui? Como? E, de repente, apareces…e juro, que nunca uma visão me fez tremer tanto, nunca uma visão me fez saltar o coração do peito…e juro que, naquele momento, ele rolou pela areia da praia até chegar a ti!
E parecia uma cena saída de um filme. Eu de um lado da praia, tu do outro. E corremos para um abraço que era maior do que o rio que estava à nossa frente. E corremos para um abraço que não precisava de palavras. E eu chorei…e tu, limpaste-me as lágrimas e puxaste-me pela mão para me sentar na areia. E nem tinha ainda reparado na enorme cesta de fruta que trazias…
Sentei-me no aconchego do teu abraço. O coração ainda rolava pela areia da praia e não queria parar. Ficamos os dois em silêncio, a comer fruta, abraçados, a ver o sol pôr-se… A enorme bola gigante a sorrir para nós, a enorme bola gigante a mostrar-nos o tamanho e a intensidade que pode ter o amor. Demos as mãos numa promessa muda de que, ali, naquele dia e naquela praia, ficaria a prova de que estávamos ligados para sempre. Todos os dias, os mesmos em que o sol se põe. E, desde aquele dia, todos os pôr do sol são nossos.
Dizem as lendas que o sol se põe para que a sua amada Lua possa brilhar.
Desde aquele dia sei, que o Sol e a Lua podem nunca se cruzar que, ainda assim, a sua luz brilhará sempre na ‘nossa’ praia…
Ainda tenho aquela foto, das nossas mãos entrelaçadas…ainda tenho o sabor da fruta, ainda tenho o cheiro do teu abraço, ainda tenho a visão da bola gigante a desaparecer, os poucos, no horizonte…
E volto tantas vezes aquela praia...voltamos sempre à praia onde fomos felizes não é?
Já não há cenas saídas de filmes, já não sou a atriz principal de uma história de amor, já não existem cenas para 'gravar' na memória, já não há corações a rolar na areia, já não há abraços e mãos entrelaçadas mas, o sol continua a pôr-se todos os dias. E desaparece no horizonte como um dia desaparecemos um do outro… porque assim é a vida real, com cenas que são tudo menos saídas de um filme!

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Deixa-me ser...



Deixa-me ser e eu deixo-te estar...
Parece tão simples não é? Parece tão óbvio que se nos apaixonamos ou queremos estar com alguém, devemos aceitar o outro como ele é e com tudo o que ele trás para a nossa vida!
Sei que sou um furacão de energia mas até os furacões têm o seu tempo.
...
Sei que encho por completo a minha vida mas demorou muito tempo a conseguir encher-me de mim.
Sei que pareço nunca estar satisfeita quando na verdade exijo muito pouco para estar feliz.
Sei que a minha liberdade pode ser assustadora mas existe felicidade se não fores livre?
Sei que sou um poço de segurança e isso assusta as inseguranças dos outros.
Sei que o meu mundinho, tão único, será sempre motivo de dúvidas e incertezas para o mundo de outros.
Sei que ser feita no verbo ir, atormenta quem quer ficar.
Sei que tudo o que vivi me faz ter ainda mais sede do que quero viver.
Sei que se tiver de escolher entre o mais ou menos, escolherei sempre viver no nada e fazer dele o meu tudo.
Sei que sou o motivo de todos os medos porque escolhi viver assim, sem medo do que vier.
Sei que posso nunca ser a mulher certa para ti porque um dia decidi ser a mulher autêntica aos meus olhos.
Sei que não sou ovelha e que isso faz de mim animal estranho aos olhos de todos os rebanhos.
Sei que se me deixares ser, eu deixo-te ficar...é só o que sei!

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Perco-me em ti...



Perco-me lá, no sabor dos teus beijos.
Perco-me lá, no cheiro da tua pele.
Perco-me lá, no toque dos teus dedos.
...
Perco-me lá, quando os corpos se juntam.
Perco-me lá, nos sussurros da tua voz.
Perco-me lá, nos silêncios que falam.
Perco-me lá, nas palavras que ficam por dizer.
Perco-me lá, nos segredos do teu olhar.
Perco-me lá, no desejo de ser tua.
Perco-me lá, no enigma que não decifro.
Perco-me lá, neste sentir que cresce.
Perco-me lá...
e, seja qual for o caminho por onde me perco, promete que és tu que me vais encontrar!

domingo, 1 de maio de 2016

Tu em mim...



Olhei no espelho...o reflexo da mulher adulta, as marcas do tempo que passa a uma velocidade feroz.
Mas não são as marcas que me importam, não é isso que busco no espelho. Através dos meus olhos o que vês? A mulher que o espelho reflete quem é? Era isto que querias ver? Se hoje me abraçasses era orgulho que sentirias por dentro desse abraço? Se hoje me olhasses era admiração que est
...aria nos teus olhos? Se hoje me desses a mão, ela guiar-me-ia pelos mesmos caminhos? Se hoje me pudesses falar o que me dirias mãe?
Olhei no espelho...a mulher adulta que já não cabe no teu colo, viu a menina que carregaste sempre no teu amor.
Voltei lá mãe...ao sítio e ao tempo onde me ensinavas a crescer, ao sítio e ao tempo em que eras tu que me inspiravas e me ensinavas a ser!
Se hoje, estivesses tu aqui, em vez deste espelho, estarias feliz pelo que sou?
Se hoje estivesses aqui, verias em mim um reflexo de ti?
Hoje, olho no espelho e consigo ver-te...estás sempre aqui, no mais fundo de mim!
Feliz dia Mãe!

quinta-feira, 28 de abril de 2016

O sorriso...



Sorria...
Com um daqueles sorrisos rasgados, enorme, do tamanho dos sonhos que guardava em si desde criança.
Sorria, como se o mundo inteiro coubesse nos limites do seu sorriso.
...
Sorria, como se a cada sorriso afastasse para longe os medos, derramasse em si as cores com que escolhera pintar a vida.
E eram tantas as cores, e eram tantos os sorrisos!
Sorria até nos dias em que ousavam roubar-lhe o sorriso. Não! Nada nem ninguém lhe roubaria a vida contida naquele rasgar dos lábios, na curva que lhe enchia o rosto e lhe dava brilho aos olhos!
Sorria, porque era esse o seu fado, o fado dos que trocam os lamentos pela fé, o fado dos que abraçam a vida e a levam pela mão, o fado dos que nascem com o destino traçado pelas linhas do amor.
E era amor o que deixava de si em cada sorriso...
E a amar, sorria!

terça-feira, 26 de abril de 2016

Sabes...


"-Amo-te!"
"-Muito..."
"-Tanto..."
...
"-Tudo..."
"-Sempre..."
Um último beijo, o abraço apertado.
Os dedos dele a tocarem o rosto dela.
Os olhos fechados dela a sentirem os dedos dele.
Sabes que é amor quando pode não haver amanhã.
Sabes que é amor quando cada dia é o último e manténs a esperança de que seja o primeiro.
Sabes que é amor quando vives, num momento, a imensidão do infinito.
Sabes que é amor quando deixas de contar o tempo porque o tempo não deixa.
Sabes que é amor quando o corpo vai mas tudo o resto continua ali.
Sabes que é amor quando o adeus jamais saberá a despedida.
Eu sei que é amor, tu sabes que é amor...muito, tanto, tudo, sempre!

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Almas gémeas


Eram almas gémeas.
Ela já tinha ouvido falar nisso, achava até que já tinha encontrado a sua. Não. Percebeu através dele o que era uma alma gémea.
Ele tinha chegado como se sempre lá tivesse estado. Não se encontraram, regressaram a casa, não se conheceram, reconheceram-se, não se amaram, voltaram a amar-se!
Com ele, ela apaixonou-se pela vida, com ele reaprendeu a sonhar, com ele virou-se do avesso para recuperar um lado de si que estava esquecido. Com ele era a menina que tinha deixado na infância, com ele era a rebelde e a aventureira sem deixar de ser a doçura e a entrega. Com ele era feliz na sua fragilidade e era a heroína dos seus medos. Com ele, era o melhor de si!
Ele conhecia-a como ninguém, amava-a pelo lado de dentro, vivia no fundo dos seus olhos. Estavam ligados por algo maior, algo que não cabia no coração e se alojava na alma.
O que sentia por ele abanou todo o seu ‘mundo’, deitou por terra tudo aquilo que julgara saber sobre o amor, sobre a vida…e ainda assim, era com ele que se sentia completa e intacta, como se nenhuma peça faltasse ao seu puzzle.
Nunca, entre eles, se contava o tempo. O seu tempo, não sabiam onde tinha começado e, cada ‘até já’ que diziam na despedida, vinha acompanhado de um tempo que podia nunca mais voltar…
Um dia ele foi (como ela sempre sentira que tinha de ser). A dor tinha sido insuportável, o desespero pelo vazio deixou-a quebrada em pedaços. E, é só quando quebras o teu coração, quando tudo o que estava dentro dele se esvazia, que aprendes a deixar entrar, novamente, a luz. E é só quando ‘morres’ que te sentes grata por voltar a viver!
Depois da dor, ela conseguiu perceber o porquê da partida. Depois da dor, ela sentiu-se grata por ele mas ainda mais, pela pessoa que ela era agora. Depois da dor ficou o amor.
Ele ensinou-a a voltar a amar, a voltar a amar-se. Ele mostrou-lhe o amor maior para ela não se perder em amores menores. Ele recarregou-a de vida para ela não se esquecer de viver. Ele veio devolver-lhe o melhor dela e era assim que a queria deixar: autêntica, única, livre de tudo e cheia de si!
 Só as almas gémeas se mostram assim, só as almas gémeas ensinam assim, só as almas gémeas se dão assim!
Não houve depois dele porque nunca partiram um do outro, apenas percorreram caminhos opostos, deixando o espaço mas não o tempo…
Iriam reencontrar-se noutras vidas, iriam voltar a amar-se em todos os tempos e todas as vidas, porque as suas almas, num tempo que não tinha início nem fim, tinham escolhido pertencer uma à outra.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Vai e vem...


Vem e vai em ondas, ora mais fortes e bravas e indomáveis, ora mais serenas, espaçadas e num embalo doce. Como o mar em que me tornei, ora revolto ora tranquilo, como o mar que tem o teu cheiro e o teu sabor, como o mar onde nos voltamos a encontrar quando a saudade aperta e a distância se perde, para além daquilo que os olhos conseguem alcançar, como o mar em que a minha voz te sussurra baixinho um 'até já '.
E o tempo passa, e nós passamos pelo tempo, e o que me és não passa! Vem e vai em ondas...

terça-feira, 29 de março de 2016

Fala-me da saudade...


A saudade tem um grito que só tu consegues ouvir.
A saudade tem voz e chama por ti!
A saudade tem cheiro e flutua no vento.
A saudade tem a forma do teu abraço.
A saudade tem o teu nome escrito na pele.
A saudade tem o eco da tua gargalhada.
A saudade tem alma quando o corpo se ausenta.
A saudade é muda e esconde-se no silêncio.
A saudade é tatuagem que lembra quem somos.
A saudade mata e devolve-me à vida.
A saudade viaja comigo no tempo.
A saudade sonha quando o dia me acorda.
A saudade és tu, a saudade sou eu…
…a saudade é a certeza de um tempo em que fomos nós!



quarta-feira, 16 de março de 2016

O puzzle inacabado...


Foi exatamente neste dia: 16 de Março de 2012.
Eu era o protótipo da mulher realizada. Exemplo de superação de obstáculos, de determinação, de coragem. Tinha-me feito mulher, de profissão estável, tinha a casa que imaginara ao pormenor, viajava 2 vezes por ano (ás vezes mais), tinha o cão, o jardim, o príncipe encantado, a relação perfeita, o amor invejado. Tinha amigos, tinha dinheiro, tinha saúde, tinha amor. Tinha tudo aquilo que define, para a maioria, a felicidade!
Ele, o maior presente que a vida já me tinha dado, naquele dia, olhou-me nos olhos e perguntou: 'B. és feliz?' E foi como se uma bala me atingisse o coração. Senti-me morrer. Morri ali, em frente ao homem com quem tinha partilhado amor, amizade, projetos e mais de 1/3 da minha vida... Morri ali, ao perceber que há muito tempo já tinha morrido!
E esse foi o dia que marca o antes e o depois, esse foi o dia em que deixei para trás não apenas 12 anos mas, toda uma vida.
Fui...sem saber como nem para onde, fui em busca nem sabia bem do quê. Tive de me desconstruir. É como se o meu puzzle, de que é feita a vida, tivesse sido vandalizado.
Olhas e vês milhares de peças, olhas e pensas que não tens mais 34 anos para voltar a montar aquele puzzle! Olhas e tens ali o maior desafio que enfrestaste até aquele dia, reconstruir o puzzle da tua vida. Se deu medo? Um medo aterrador, um medo gigante...mas as peças estão ali, toda a tua vida a precisar de ganhar forma novamente, por isso não há tempo para ter medo. Tens de arregaçar as mangas, tens de procurar a 1a peça e começar, ou recomeçar, a construir a tua vida!
E é fantástico como este 'jogo' pode ter tanto de fácil como difícil, de rápido e de lento, de ordem e confusão, de certeza ou dúvida, de lógica e de loucura... Há alturas em que todas as peças encaixam a uma velocidade alucinante, em que o desenho está a construir-se com a maior clareza diante dos teus olhos, para logo de seguida passares dias á procura da próxima peça, a olhar inerte para o enigma, com dúvidas se algum dia o vais conseguir terminar!
De início, pedes aos amigos para te ajudarem. Quanto mais mãos melhor! Passam horas e horas entretidos, em volta de todas aquelas peças. Riem, bebem, falam, vão, voltam… constrói-se um pouco do puzzle mas, a determinada altura, tudo é motivo de distração e o puzzle fica em 2º plano. Afinal, há tanta coisa para fazer entre amigos, para quê perderes o teu tempo e o deles a ‘construir um puzzle’?
Depois, achas que a solução passa por construí-lo a 4 mãos. Um jogo a dois. Momentos de partilha, momentos em que te entregas e recebes o outro no jogo da tua vida. Mas, rapidamente percebes que hoje, há jogos mais interessantes, que se perdeu o interesse em jogos de lógica e paciência, que não se tem tempo para quebra-cabeças quando as cabeças e os corações já foram quebrados!
Voltas a olhar para as peças…em silêncio, tu contigo e sem ruídos á volta. Percebes o quanto já conseguiste, quanto do teu puzzle já reconstruíste. Orgulho. Um imenso orgulho é o que sentes por ti, pela imagem ainda inacabada que o puzzle te mostra. Respiras fundo. Ainda existem um monte de peças espalhadas, ainda existe um imenso trabalho pela frente. Sorris. Tens tempo…todo o tempo do mundo para te reconstruíres e conseguires de novo ter a imagem completa. Afinal, já morreste um dia e voltaste a nascer. Afinal, o importante não é concluir rapidamente o puzzle mas sim, desfrutar do jogo que a vida te oferece!
B.