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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Welcome (my) Home!


Nunca sonhei casar, ter uma casa térrea com jardim, enchê-la de filhos e ter um cão. Bem, a parte do cão talvez…

Quando era adolescente imaginava que o meu futuro passaria por ter um bom emprego (seria advogada!), viver num T1 em frente ao mar, viajar por esse mundo fora e não criar amarras (daí a dúvida quanto á parte do cão, apesar de amar animais). A vida é maestra em trocar-nos as voltas e mostrar-nos que há coisas que não se planeiam, simplesmente temos de nos deixar levar por elas… E, quando dei por mim, não era advogada, não vivia sozinha no meu T1 junto ao mar e, estava prestes a comprar a tal casa com jardim e a ter um cão! Não comprei a casa para a encher de filhos mas sim, comprei-a porque seria um espaço onde faríamos aquilo que ambos gostávamos de fazer: enchê-la de amigos, de bons momentos, de gargalhadas e mais tarde, a família, aquela que iríamos construir, fosse ela grande ou pequena!

O que mais me agradou nesta casa foi poder construí-la ao meu gosto e á minha medida. Tinha uma planta e, a partir daí, era dar asas áquilo que adorava fazer: criar, decidir, escolher, decorar. O R. deixou tudo nas minhas mãos…ele sabia o quanto o espaço era importante para mim, confiava no meu gosto, sabia que eu era exigente e deixou a ‘obra’ por minha conta. Foram tempos que me deram muito trabalho mas um gozo muito especial. Era a minha casa, feita e decorada á minha imagem! Quando ficou pronta não queríamos sair de lá…todos os fins de semana recebíamos amigos, o Natal passava-se aqui com a família, os miúdos (dos outros) adoravam cá estar! Estava criado o ambiente perfeito para construir a família feliz!

Herdei da minha mãe o hábito de estar sempre a renovar, a mudar as coisas de sitio, a acordar e virar tudo do avesso. Um dia, dá-se o avesso da vida, tudo se renova e fico eu, o cão e a casa gigante já sem jardim (que entretanto o cão tinha destruído!). Nunca houve dúvidas de que seria eu que ficaria a viver aqui: tudo tinha o meu cunho, a minha imagem, a minha energia…fiquei.

Passaram-se quase 4 anos e já tive vários sentimentos em relação a esta casa. Perguntei-me várias vezes porque raios não tinha eu o meu T1 junto ao mar, em que parte do caminho tinha enlouquecido para comprar uma casa no meio do campo, de que me serviam 2 jardins para cuja manutenção não tinha tempo, e que tinham virado selva amazónica, porque aceitei ter um cão que passava os dias na triste tarefa de guardar a casa e aguardar o meu regresso.

Os fins de semana em que havia imensa gente a circular por aqui, em que se recebiam os miúdos, em que se ouviam gargalhadas e se faziam tertúlias á mesa tornaram-se quase inexistentes…era mais fácil eu sair do que abrir portas para os outros entrarem. Acho que, algumas vezes ao longo deste tempo, cheguei a sentir-me demasiado pequena para tanto espaço, cheguei a temer que este não voltasse a ser o meu casulo, a minha bolha…pensei vender a casa, pensei arrendá-la, pensei começar de novo em outro sitio. Pensei tudo isso aqui, deitada no meu sofá, a inventar pratos na minha cozinha, entre tentativas de organizar a garagem e limpar o jardim… aqui, no único sitio que alguma vez chamei de meu, que foi a única coisa que ‘construí’ até hoje. Não sou apegada a coisas, a bens materiais, a sítios. Sou apegada a pessoas, a histórias…decidi que quem faz a história desta casa sou eu, que me cabe a mim fazer dela novamente o meu casulo, que posso enchê-la de mim e do meu cão como se de uma grande família se tratasse, posso voltar a abrir as portas e a enchê-la de gente mas, também posso ser feliz aqui dentro, com elas fechadas. Estou a apaixonar-me novamente pela minha casa, fruto de me estar a apaixonar cada vez mais por mim, a que gosta de criar, de decidir, de escolher, de rodear-se de coisas bonitas! Voltei a ter ideias, voltei a mudar as coisas de sitio, voltei a gostar de olhar á volta e sentir que tudo ali tem a minha cara. Voltei a querer estar, a querer ficar…voltei, finalmente, para casa!
P.S. Mostro-vos pedacinhos do meu mundo, um mundo que está sempre em obras e 'renovação'!

 
Máquina fotográfica, livros, fotos e frases inspiradoras... o que não pode faltar!

 
A minha nova mesa de centro feita de uma palete que por cá andava á espera de destino! Estou apaixonada por este novo cenário!

 
Vivo no campo e nunca tinha aproveitado os seus recursos. Arranjos naturais de oliveira e eucalipto espalham-se agora pela sala! São simples, naturais e dão um aroma maravilhoso!


 
A minha cadeira 'fetiche' no recanto de leitura, com vista para Nova Iorque (fotos a preto e branco da cidade que me inspira!)
Através da janela a vista para aquilo que em tempos foi um jardim...e que vai voltar a ser!

 
 
Passo cada vez mais tempo na cozinha e este cantinho que ando a preparar tornou-se especial! Mais paletes, pois claro, que a madeira fica bem em todo o lado!

 

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