A vida tem formas estranhas de nos ‘abanar’, de nos fazer
parar para pensar.
Éramos inseparáveis. Passávamos pela adolescência com as
certezas inabaláveis de quem tem uma vida inteira pela frente, com a sabedoria
própria de quem acha que já aprendeu tudo, com as dores gigantes que se
pensavam ser as maiores, com a irreverência que só os verdes anos nos permitem
ter. Foram amores e desamores, aventuras e desventuras, escolhas de vida e para
a vida…foram anos de verdadeira e pura amizade.
Simultâneamente, foram também alguns dos momentos de maior
dor na minha vida…e eles estavam lá, em todas as horas, em todos os momentos,
em todas as lágrimas que chorei. Eram mais do que amigos, eram família, eram
pessoas que, como eu, eram feitas de amor e amor era o que tinham para dar!
Ontem a vida juntou-nos pelos piores motivos…motivos que se
repetem e nos juntam passados 15 anos! Estávamos ali, juntos na dor como já
tínhamos estado… estávamos ali para fazer o que sempre fizemos: mostrar o nosso
amor!
Quis lembrar-me onde nos ‘perdemos’, porque motivo as nossas
vidas seguiram rumos diferentes…não me consigo lembrar em que parte do caminho
me desviei, em que parte da vida deixei de ter tempo e espaço para aquela que
foi a minha ‘família’ durante a adolescência, durante uma parte substancial da
minha vida. Senti vergonha…vergonha por permitir que pessoas como aquelas, com
as quais me sinto verdadeiramente eu, não estejam presentes no meu dia a dia.
Os amigos, os verdadeiros, podem não estar sempre juntos mas
estão lá nos momentos importantes. Ontem estive lá…mas era importante ter
estado em tantos outros momentos! Ontem vi os filhos que ainda não conhecia,
ontem revi pessoas que me acolhiam em sua casa como se eu fosse mais uma das
deles, ontem voltei a um tempo e a uma parte de mim que não queria ter perdido!
A vida volta a reunir-nos nos piores momentos mas quero
estar presente nos melhores!
Escudamo-nos na falta de tempo, nas voltas que a vida
dá, num milhão de argumentos vazios para
justificar que algumas pessoas se ‘percam’ da nossa vida! A única forma de
perda que não controlamos é a morte…todas as outras são culpa nossa!
Ontem a vida mostrou-me que há ainda partes de mim para
recuperar, partes de mim que deixei no passado mas que que quero levar comigo
no futuro! Ontem a vida mostrou-me que há pessoas que são nossas para o resto
da vida!
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