-Vais ao mar?
-Vou. É a segunda maneira de poder estar contigo…
Sabes, a surfar nunca me ocorreu nada. Esvaziava a mente em
cada onda que apanhava. Segundos de vazio, total vazio, em que aprecias o som,
o perigo e tudo o que uma onda te dá.
-Imagino que sim. Consigo sentir esse vazio, esse silêncio
de que falas, só de me sentar lá, em frente ao mar.
-Mas agora não. Tu estás lá e é lá que quero estar ainda
mais. Está lá o cheiro do teu cabelo, em cada onda que apanho. Agora, surfar é
como fazer amor contigo, é como se estivesses lá… mas acabas por nunca
aparecer.
-Um dia Vida, um dia voltamos a estar juntos lá, no nosso
mar.
-Um dia meu anjo… Sentes-me? Ainda me sentes?
-Agora mesmo, neste arrepio! Eras tu? És sempre tu…Será
possível?
-Sim é, connosco é. Meu anjo? Amo-te. Sabes disso não sabes?
Vou amar-te sempre!
-Sim Vida, sei…sinto. Porque somos, lembraste? Somos um amor
que não se diz, que não se conta, que é só nosso, sempre e para sempre…
Até já!
( e era lá, a olhar para o mar que ela o via, que ela lhe
sentia o toque, de olhos fechados. E era lá, em cada onda que surfava, que ele
voltava a fazer amor com ela, a sentir o cheiro dos seus cabelos…
Eram do Mar…como seriam para sempre um do outro!)
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